Em 2024, o Brasil celebra um marco significativo no âmbito do empreendedorismo feminino, com mulheres de diferentes regiões e perfis construindo negócios inovadores e impactantes.
Segundo levantamentos do Sebrae e dados da PNAD, o país conta com 10,4 milhões de mulheres empreendedoras, número que representa a força e o empenho dessas líderes em impulsionar a economia nacional.
Panorama geral e crescimento
A ampla participação das mulheres nos negócios se reflete em um crescimento de 42% desde 2012, superando em muitos aspectos a expansão observada entre os homens.
Atualmente, as mulheres correspondem a 34,1% do total de empreendedores no Brasil, embora representem 51,7% da população em idade ativa, indicando um espaço para avanços ainda maiores.
É notável que, no estágio inicial, 46% dos empreendedores são mulheres, mas essa proporção diminui à medida que as empresas ganham escala e enfrentam desafios de sobrevivência e financiamento.
Perfil, escolaridade e obstáculos
Um traço marcante do empreendedorismo feminino no país é o nível de escolaridade. Cerca de 72,4% das empreendedoras possuem ensino médio completo ou superior, e quase 29% têm nível superior incompleto ou completo, superando em mais de 13 pontos percentuais a escolaridade média dos homens que empreendem.
No entanto, mesmo com maior qualificação, persiste a diferença de rendimento de 24,4% entre negócios comandados por mulheres e por homens. Essa lacuna, apesar de ter diminuído (era de 30,3% em 2012), segue sendo um obstáculo relevante na trajetória de expansão das empresas.
Outro desafio constante é a dupla jornada de trabalho doméstico, que impõe às empreendedoras a responsabilidade de conciliar a gestão do negócio com as demandas familiares, comprometendo muitas vezes o ritmo de crescimento e a dedicação exclusiva ao projeto empreendedor.
Diversidade regional e racial
O mapa brasileiro apresenta variações significativas na presença feminina no empreendedorismo. Estados como Rio de Janeiro e Ceará lideram com 38% de negócios comandados por mulheres, seguidos por São Paulo (37%) e Goiás (36%).
No recorte racial, mulheres negras compõem parcela importante do total de empreendedoras, mas enfrentam entraves adicionais. Cerca de 59% dedicam menos de 40 horas semanais ao negócio, refletindo a sobreposição de atividades remuneradas e não remuneradas.
- Menor duração das atividades empresariais semanais
- Dificuldade de acesso a linhas de crédito especializadas
- Relatos frequentes de preconceito e discriminação
Apesar disso, quando conseguem estruturar suas empresas, as empreendedoras negras geram empregos em número equivalente ao observado em negócios liderados por homens, evidenciando sua capacidade de multiplicar renda e oportunidades em comunidades diversas.
Estatísticas fundamentais
Confira abaixo os principais indicadores que refletem a realidade do empreendedorismo feminino no Brasil:
Casos de sucesso e iniciativas de apoio
Em um cenário marcado por desafios, surgem histórias de inspiração e inovação. A Agilize, por exemplo, é uma startup de soluções contábeis que conta com 68% de colaboradoras e 51% de mulheres em cargos de liderança.
Outra referência é o programa de aceleração “Mulheres à Frente”, promovido pelo Sebrae, que oferece mentorias, capacitações e acesso a redes de investidores para negócios em estágios iniciais.
- Capacitação e workshops técnicos
- Linhas de crédito exclusivas para empreendedoras
- Redes de mentoria e grupos de networking
Essas iniciativas, combinadas a políticas públicas de incentivo e a plataformas de financiamento coletivo, têm potencial para reduzir desigualdades e ampliar o impacto social dos negócios.
Perspectivas futuras e recomendações
O horizonte do empreendedorismo feminino é promissor. Com impacto positivo na geração de empregos, essas líderes têm se mostrado fundamentais para a retomada econômica.
Para avançar, é essencial investir em programas que promovam a liderança feminina nas empresas, garantindo capacitação em gestão, finanças e tecnologia.
Além disso, políticas de fomento devem considerar o empreendedorismo potencial atingindo 54,6%, criando mecanismos de apoio que convertam essa intenção em negócios prósperos.
A batalha contra o preconceito de gênero e a desigualdade de recursos necessita de ações coordenadas entre setor público e privado, assim como do engajamento da sociedade civil.
Por fim, é preciso valorizar e compartilhar as histórias de sucesso, criando uma cultura de inspiração e colaboração que mostre a todas as mulheres que empreender é possível, necessário e transformador.
As trajetórias dessas empreendedoras brasileiras comprovam que, apesar das barreiras, a força feminina é um motor de inovação e crescimento. Ao apoiar essas líderes, o Brasil se aproxima de um futuro mais justo, inclusivo e sustentável.
Referências
- https://fenacon.org.br/noticias/brasil-tem-104-milhoes-de-mulheres-empreendedoras-42-mais-que-em-2012/
- https://valor.globo.com/patrocinado/dino/noticia/2024/07/25/participacao-feminina-cresce-no-empreendedorismo-brasileiro.ghtml
- https://agenciasebrae.com.br/dados/futuro-do-empreendedorismo-no-brasil-pode-ser-feminino-jovem-e-negro/
- https://valor.globo.com/patrocinado/dino/noticia/2024/03/06/mulheres-sao-46-dos-empreendedores-iniciais-no-brasil.ghtml
- https://dcomercio.com.br/publicacao/s/brasil-tem-10-4-milhoes-de-mulheres-empreendedoras-42-mais-que-em-2012
- https://exame.com/negocios/como-o-sebrae-impulsiona-o-empreendedorismo-feminino-no-brasil/